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08 de março de 2017 as 09:11 / 18ª Expodireto Cotrijal

28º Fórum da Soja, Produtividade e rentabilidade

O evento prestigiado pelo Prefeito Armando Roos, Vice-Prefeito Pedro Paulo Falcão da Rosa, Presidente da Expodireto Cotrijal Nei César Mânica, Caio Cézar F. Vianna, Presidente da CCGL/Termasa-Tergrasa, Paulo Cezar Pires, Presidente da FecoAgro, José Paulo Cairolli, Vice-governador do Rio Grande do Sul, Secretários de Estado, Deputados, autoridades regionais e especialistas do ramo.

Entre os palestrantes estavam Dirceu Gassen, Engenheiro agrônomo pela Universidade de Passo Fundo (UPF), professor de controle integrado de pragas do Instituto de Ciências Agronômicas de Passo Fundo (RS), Constantin Jancsó, Economista pela Universidade de Michigan (EUA), mestre em Economia e Finanças pela FGV-SP. Atua no Bradesco desde 2016. Fernando Muraro Jr, Engenheiro Agrônomo pela UFPR, mestre em Economia Agrícola na Itália e especialista em análise de mercado nos EUA. Fundador da AgRural Commodities Agrícolas e Evaristo E. de Miranda, Engenheiro Agrônomo, formado na França, com mestrado e doutorado pela Universidade de Montpellier (França). Chefe Geral da Embrapa Monitoramento por Satélite.

Para o Prefeito o evento é um dos mais importantes da Expodireto Cotrijal, pois traz debates acerca do grão que mais impulsiona o desenvolvimento do agro atualmente. “A soja foi e continua sendo o grão mais valorizado da agricultura moderna e trazer especialistas para conversar com os produtores sobre o assunto e tendências é sem dúvida a melhor forma de ajudar o desenvolvimento do setor”, comentou o Prefeito Armando

Abaixo a Carta do 28º Fórum da Soja

1 – Manejo para altos rendimentos

O palestrante Dirceu Gassen iniciou sua palestra fazendo um alerta. Ao mesmo tempo em que reconhece que a soja vai muito bem em diversos aspectos, existem ainda fatores limitantes que causam perdas ou impedem rendimentos ainda melhores à produção da oleaginosa.

Embora a soja seja o ciclo econômico mais importante na história brasileira, o Brasil não possui sistemas organizados de produção. Aliás, essa constatação vale para os demais sistemas produtivos.

Nesse momento, por exemplo, o perfil de produção está mudando rapidamente, exigindo mais conhecimento e informação. Infelizmente, o Estado brasileiro não avançou nessa direção. A função pública de organizar a produção não acompanhou o ritmo das necessidades do país. Tanto é verdade que, entre 2000 e 2017, a produtividade média brasileira cresceu apenas 0,9% enquanto seria necessário um crescimento de 3% ao ano. Na prática, o que sustentou a produção nos últimos anos foi a disparada dos preços, porém, a mesma tem limites e aos poucos os mesmos voltam a patamares normais. Assim, para superar essa realidade os produtores precisam aumentar a produtividade.

Ora, esse aumento de produtividade está ligado diretamente ao conhecimento tecnológico, o qual precisa avançar ainda mais. Especialmente porque o ciclo de semeadura da soja encurtou e não há mais espaços para erros.

Em sendo assim, precisamos mudar o modelo e a forma de semear as culturas. No caso específico da soja, o palestrante destacou que ainda falta ciência em sua atividade.

Trata-se de vencer o desafio de produzir com mais competitividade aliada à sustentabilidade. Afinal, os custos de produção continuarão aumentando; o clima continuará imprevisível, o ataque de pragas será mais severo; e o mercado sempre mais exigente. Isso nos obriga a aumentar a produtividade com renda, ou seja, não há mais espaço para lavouras baratas.

Para fazer a diferença e vencer tal desafio, torna-se imperioso capacitar as equipes, as pessoas, especialmente os jovens rurais, visando melhorar os processos e aumentar o conhecimento no campo.

Assim, o ponto central de todo o processo está no ser humano, o qual faz a diferença quanto mais qualificado estiver.

A palestra encerrou com a conclusão de que o maior desafio de todos, dentro do contexto existente, é produzir mais, com qualidade e sustentabilidade, pois a fase da facilidade do controle químico passou.

2 – A economia mundial e brasileira

A segunda palestra, ministrada pelo economista do banco Bradesco, Sr. Constantin Jancsó, iniciou destacando que o PIB mundial, aos poucos, está retornando à média histórica, em torno de 3,5% ao ano. As consequências de tal comportamento tende a ser o fim da era dos juros zero junto aos países ricos. Isso irá atingir o mercado de juros e de câmbio. Mesmo porque os países emergentes não estão acompanhando           esse processo de alta nos últimos meses, a começar pelo Brasil.

Paralelamente, o mundo desenvolvido está voltando à “normalização” da inflação, a qual seria algo entre 2% a 2,5% ao ano. Ora, tal movimento leva a um aumento dos juros (para os EUA espera-se que os mesmos voltem ao nível de 2,5% ao ano nós próximos anos). Em o juro subindo nos EUA, a tendência é de o Real se fortalecer, mesmo com o chamado “risco Trump” presente na atualidade. Isso significa desvalorização das moedas dos países emergentes.

Dito isso, o palestrante surpreendeu ao considerar que o Real tenderia a se manter valorizado devido ao ambiente interno brasileiro. Este ambiente, que indica uma recuperação, mesmo que bastante lenta do PIB, já aponta um crescimento positivo para 2017 (entre 0,3% a 0,5%). Assim, a boa notícia é que o Brasil voltará a crescer. A má notícia é que o processo será muito lento. Outro aspecto é que a inflação surpreende positivamente ao recuar fortemente nestes últimos 12 meses. Com isso, o juro básico brasileiro pode ser reduzido de forma mais acelerada. As projeções do Bradesco apontam para uma Selic em apenas 8,5% ao ano no final de 2017.

Tudo isso leva a uma melhoria da confiança do empresariado nacional, onde 40% já veem reflexos positivos em seu setor de atuação.

O ponto negativo continuará sendo o desemprego, o qual demorará para diminuir. O mesmo poderá chegar até 13,4 milhões de pessoas no país.

Enfim, o palestrante espera que o câmbio no Brasil fique ao redor de R$ 3,15 por dólar no final do corrente ano, após as primeiras projeções do Bradesco indicarem R$ 3,45. Tal valor manteria o Real sobrevalorizado já que a média para o período 1999-2014 é de R$ 3,54.

Dito isso, há o reconhecimento de que existem muitos fatores que podem alterar essa perspectiva cambial. Se por um lado o conjunto de ajustes na economia brasileira pode melhorar, ainda neste ano, a nota de risco do Brasil, fortalecendo o Real, igualmente é verdade que há muita instabilidade política no país, fato que pode emperrar a aprovação destas medidas de ajuste necessárias.

Enfim, como conclusão e em resposta ao questionamento do moderador de sua palestra, disse que o governo está tentando reduzir a oferta de crédito subsidiado, fato que tende a atingir o setor primário. Ou seja, o juro agrícola não deverá baixar de forma significativa.

3 – Chicago “financeirizado”

O palestrante Fernando Muraro, a quem coube discorrer sobre a tendência do mercado da soja, iniciou sua explanação destacando que o mercado internacional da oleaginosa está totalmente “financeirizado”. Dito de outra forma, Chicago está sob forte influência dos Fundos. Estes, diante de um quadro de juros muito baixos nos países ricos, investem em soja e derivados. Todavia, o ciclo de juros baixos está terminando. Assim, se a presença dos Fundos eleva a cotação da soja, sem razão ligada aos fundamentos do mercado (os quais são baixistas), também é verdade que o aumento dos juros tende a levar a uma saída parcial destes Fundos do mercado da soja, pressionando para baixo as cotações internacionais das commodities em geral e da soja em particular.

Nesse contexto, analisar o mercado da soja está muito difícil nestes últimos anos. Há uma variação muito grande entre os preços mínimo e máximo praticados no mercado. Em síntese, não são mais os fatores fundamentais (oferta e demanda do produto físico, por exemplo) que influenciam o mercado e sim o setor financeiro. Ou seja, a soja tornou-se um ativo financeiro. Tanto é verdade que, em 2016, Chicago negociou 25 vezes o equivalente da produção física mundial.

Isso exige cada vez mais que o produtor de soja faça média de comercialização. Para os analistas, a exigência é o uso de modelos de análise cada vez mais sofisticados.

A partir desta análise mais estrutural, o palestrante destacou aspectos conjunturais do mercado, afirmando que a safra sul-americana deverá atingir a 176 milhões de toneladas neste ano (um recorde), após os 117,2 milhões dos EUA. No Rio Grande do Sul o volume poderá chegar a 16,8 milhões de toneladas. Todavia, os produtores continuam perdendo na infraestrutura, a qual se mantém ruim no país. Mesmo assim, a margem operacional deste ano será positiva, a uma produtividade um pouco superior aos 50 sacos/ha.

Por outro lado, alertou para o fato de que os produtores dos EUA devem semear mais soja do que milho neste ano, assim como que a quebra de safra na Argentina não deverá ser muito importante. Tais fatores adicionam elementos baixistas em Chicago para os próximos dois meses, especialmente se os Fundos saírem de suas posições compradas de forma mais intensa.

Em termos de preço, o palestrante indicou que espera Chicago trabalhando entre US$ 9,00 e US$ 11,00/bushel em 2017. Todavia, se a futura safra dos EUA for cheia as cotações poderão recuar para níveis de US$ 8,00/bushel. Em havendo frustração de safra, o teto de US$ 11,00/bushel pode ser superado.

Em conclusão, foi reforçada a ideia de que os Fundos dominam, hoje, o mercado da soja, onde cerca de 50% dos contratos em aberto estão em suas mãos. Nesse contexto, a relação juros/câmbio é o elemento central do mercado. Nesse contexto, a volatilidade do mercado continuará muito grande, sendo que neste ano de 2017 a mesma estará especialmente mais forte.

Diante desse contexto, o foco é o aumento de produtividade, sendo a comercialização uma estratégia de formação de média, com vendas escalonadas no ano. Especialmente porque em reais, o preço da soja, neste ano, deverá variar em mais de R$ 20,00/saco entre o mínimo e o máximo.

4 – Os agricultores não são os vilões

O Sr. Evaristo E. de Miranda, pesquisador da Embrapa, em sua palestra trouxe dados reveladores e que desmistificam muitas ideias pré-concebidas a respeito do uso da terra no Brasil.

Destacando que a atribuição de terras no país é de competência do governo federal, apontou que 37,1% (12.184 áreas e 315.924.844 hectares) das mesmas são protegidas, enquanto os grandes países do mundo protegem apenas 10% de seu território. Além disso, enquanto o Brasil protege terras até mesmo nobres, estes demais países protegem áreas de pouco interesse, como desertos por exemplo.

Quanto à ocupação de terras, 17% correspondem à vegetação nativa em unidades de conservação, enquanto 13% correspondem à vegetação nativa em terras indígenas. Por sua vez, a agricultura brasileira em seu total ocupa apenas 8% das terras do país. No que diz respeito às margens de rios, enquanto os outros países ocupam tudo, no Brasil, grande parte é protegida. Na opinião do palestrante, os estrangeiros não estariam errados.

Igualmente, dentro do contexto apresentado, o Sr. Evaristo defendeu a necessidade de se aumentar a competitividade do agronegócio em geral e da soja em particular.

Nesse contexto, a partir dos dados do CAR, destacou que, no Rio Grande do Sul, os agricultores preservam 3,56 milhões de hectares, ou seja, 13% da área do estado, e 21% da área agrícola. No geral, 23% do total do Rio Grande do Sul estariam preservados, junto a pouco mais de 446.000 estabelecimentos rurais.

Finalizou sua apresentação apontando que o Rio Grande do Sul é provavelmente o estado do país que mais preserva terras e que os agricultores são os que mais a preservam, confirmando que tal realidade desmente o que parte da sociedade nacional imagina ou mesmo afirma.


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